quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Na fila na casa de oração


Para quem não sabe, eu frequento uma casa de oração, e enquanto tal temos tratamento para médiuns a cada 15 dias. Bom, para quem não sabe, temos sempre que manter uma postura de calma no dia-a-dia cuidando de nossos pensamentos e ações, não sendo permitida nunca a vingança, somente a defesa. 

É muito comum chegar de 5 a 15 pessoas, para mais ou para menos, e me falar algo como:

- Nossa, você tá ficando gordo hein!

- Você tem que comprar um jaleco maior porque tá ficando pequeno...

- Gustavo, você tá muito gordo, tá feio! Tem que emagrecer porque você é bonito, não pode ficar desse jeito, novo assim, que nem esses trubufus por aí...

Até aí tudo bem, eu estou acostumado e costumo perdoar e seguir em frente ou as vezes falar algo brincando, mas dessa vez foi diferente.

Lá estava eu com meu companheiro na fila enquanto esperávamos pra marcar nossos nomes na lista. Enquanto artista, conheço várias pessoas, e o pior: elas me conhecem. Pior eu digo porque não tem problemas elas me conhecerem, mas vocês já irão me entender.

Enquanto várias pessoas passavam e me cumprimentavam, na minha frente estava uma grande querida. E como é uma grande querida, eu, apesar de lidar com público há 15 anos, eu estava completamente desarmado, quando ela me solta:

- Gustavo, se você continuar engordando dessa maneira, você vai acabar no hospital!! Estou avisando!!!

Imagina o que é você escutar isso em uma casa de oração onde se acredita na força da palavra, na energia do olhar, da vontade e como isso pode te afetar perispiritualmente, aquela ideia de hospital e a força do modo dito, e eu na busca e no esforço para perdoá-la e como lidar com a questão, não resisti e resolvi usar meu direito à defesa conforme nossa crença e alertei:

- Olha Sandra*, eu quero que você nunca mais fale a respeito da minha aparência física, nunca mais! Antes de você falar qualquer coisa a respeito da minha vida eu gostaria que você cuidasse do seu caráter!

Ela ficou assustada porque achava realmente que estava me ajudando e não imaginava o mal que tinha me causado, mas insistiu:

- Gustavo, só falo isso pro seu bem! To te ajudando pra vc se cuidar!

Eu disse:

- Olha, pode deixar que da minha vida cuido eu, por favor! Nunca mais fale nada neste sentido de novo!

Ela, como é uma boa espírita, não se melindrou e continuamos a conversar normalmente, mas ali aprendemos algumas lições:

1. Não confunda ajudar alguém com julgar alguém;

2. Moralmente, prefira ajudar quando pedirem sua ajuda, a não ser que seja caridade material (que é urgente ou mesmo importante, e a maioria das pessoas não pede por orgulho), porque senão você pode estar invadindo ou mesmo impedindo que aquela pessoa evolua;

3. Temos o direito de nos defender, não temos o direito a vingança; não se melindre;

4. Quando você for falar da vida alheia (principalmente se for com a própria vida em questão), peça licença.



*todos os nomes são fictícios criados especialmente para não constranger ninguém e preferimos não nomear os locais pelo mesmo motivo.

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