quinta-feira, 19 de novembro de 2015

É verdade, eu estava errado. Eu estava ofendido. Peço desculpa a todos.



As pessoas estão certas nestes dias. 
Amigos, colegas, pessoas, líderes espirituais, conhecidos, todos me alertaram, mas eu não escutei. Realmente, eu estava me sentindo ofendido com as agressões e isso faz ver coisas que não existem, sentir coisas que não estão lá, e fazer ser coisas que não são, fico me preocupando com o que as pessoas pensam de mim. Pra que me importar com o que as pessoas pensam???
Gente que me orienta moralmente, amigos íntimos, todos falando: "para com isso, Gustavo, pra que isso?" - "Não acredito que você tá preocupado com o que as pessoas pensam de você!" -  "que loucura é essa?"
Até que alguém me disse: "Mas Gustavo, você! Um homem tão forte, não pode ser..." e um desapontamento no olhar, daí eu me choquei.
Esse papo de gordofobia realmente é absurdo. Gordofobia...kkkk impossível acreditar... peço desculpas a todos pelo desabafo.
Peço desculpas a todos também pela demora de uma publicação nova também, estava muito corrido e ainda vou lançar um Vlog agora também sobre outros temas... enfim.
Peço desculpas.
Não vou mais me preocupar com o que os outros pensam, não quero me ofendo com o que as pessoas pensam ou falam de mim. Ou mesmo quando me cobram ser magro ou mesmo quando me parabenizam pelos "quilos eliminados" ("não pode usar "perdido" porque senão o peso volta"). Aliás, eu vou me posicionar e parar com essa "besteira". Aliás, eu vou avisar a todos os gays e travestis que são mortos e/ou discriminados diariamente em todos os ambientes (com família, trabalhos, etc.) e vou explicar como eles tem que "não se importar" com nada disso. E é claro, vou lembrar à todos e todas as negras e negros que eles estão redondamente enganados (aliás, redondamente não, mas achatadamente) e que eles não tem direito de se sentirem menosprezados por serem tratados menores por serem negros, segregados das escolas particulares, se contentarem com as "cotas" que é um "favor" que a sociedade faz por eles e o melhor: são reduzidos à função sexual (por ter pênis avantajados, terem um excelente sexo ou mesmo por gostarem de trepar "naturalmente"). Ah, e também vou dizer à todas 70% das mulheres negras que não recebem anestesia (inclusive em cesárias) porque são consideradas "mais fortes" que aquela dor sentida pelos cortes das camadas de pele são bobeiras e elas tem que lidar com isso. Ah, isso sem falar nos deficientes que são ridicularizados pelas pornografias publicitárias chamadas hoje em dia de "publicidade e propaganda", nas mulheres que são estupradas pelos pais héteros (diga-se de passagem) e que tem que conviver com esse estupro conivente mesmo depois de casadas e com um salario inferior ao de seu marido, mesmo com todas as conquistas que já fizeram, graças a Deus!!!

Realmente eu peço desculpas pela demora que tive em me pronunciar em favor dos que precisam, da minha covardia diante das injustiças sociais apenas publicando e compartilhando fotos de desastres mandando "boas vibrações" pra todos os que morreram em algum lugar ou passam fome aonde eu nunca gostaria nem quero estar.

Quero fazer um trato com todos e todas vocês, uma troca:
Eu paro com essa "besteira" de "gordofobia", esse absurdo! (porque realmente é absurdo ser parabenizado por emagrecer ou criticado por estar com uns "quilos a mais" e isso ser confundido com "falta de saúde") e vocês param de elaborar o seu tesão, seu marketing, sua publicidade, propaganda, novelas, cotidiano, revistas, jornais, conversas e fofocas falando de "como emagrecer", mostrando corpos magricelos como ícone de beleza (em vez de mostrar vários corpos), com filmes pornográficos e novelas das oito com corpos musculosos ou magros, com conversas informais sobre "como fulana engordou", com propagandas com gente gorda e comum (comum porque temos uma população obesa), e tudo o mais!

Eu peço desculpas por todos os anos desperdiçados em omissões, em ser mais um hipócrita bem sucedido da sociedade, e não, graças a Deus, não preciso mais ser gordo para poder lutar pelo direito deles serem felizes e respeitados, não preciso ser negro para pensar que um negro é muito mais que um pênis avantajado, não preciso ser mulher para saber que como se usa a vagina e útero é uma decisão dela e não, ela não precisa de você, homem, para ser o que quiser, e não preciso ser travesti pra saber que até os gays discriminam uma mulher que nasce com pinto, porque a sociedade inculta não sabe diferenciar sexo de gênero.

Eu sinto muito. Sinto muito vocês confundirem "estar ofendido" com lutar por respeito. Sinto muito vocês não entenderem que o culpado é quem agride e não quem é agredido, este não precisa "aceitar isso" e "não ligar", ele precisa, por caridade, cooperar e educar o agressor, revelando-o e trabalhando para uma sociedade melhor.

Eu realmente me ofendi. Fui ofendido. Mas não fui ofendido pela gordofobia alheia, por me cobrarem o emagrecimento. Não, senhores. Depois de 15 anos com trabalho com público eu não seria tão frágil assim e nem me responsabilizaria pela estupidez alheia. Eu não me importo com o que pensam de mim, conquanto que pensem. Sou um artista.

Eu me importo com uma sociedade que não se importa mais. E de tanto não se importar mais, já não sente mais, não consegue mais se colocar no lugar do outro (empatia) e não liga mais por quem sofre, porque sofre e o quanto o faz.

Eu me importo com quem não se importa, e eu, Gustavo, não quero viver em uma sociedade que não se importa.

Eu me importo, sim.
E você?


quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Na fila na casa de oração


Para quem não sabe, eu frequento uma casa de oração, e enquanto tal temos tratamento para médiuns a cada 15 dias. Bom, para quem não sabe, temos sempre que manter uma postura de calma no dia-a-dia cuidando de nossos pensamentos e ações, não sendo permitida nunca a vingança, somente a defesa. 

É muito comum chegar de 5 a 15 pessoas, para mais ou para menos, e me falar algo como:

- Nossa, você tá ficando gordo hein!

- Você tem que comprar um jaleco maior porque tá ficando pequeno...

- Gustavo, você tá muito gordo, tá feio! Tem que emagrecer porque você é bonito, não pode ficar desse jeito, novo assim, que nem esses trubufus por aí...

Até aí tudo bem, eu estou acostumado e costumo perdoar e seguir em frente ou as vezes falar algo brincando, mas dessa vez foi diferente.

Lá estava eu com meu companheiro na fila enquanto esperávamos pra marcar nossos nomes na lista. Enquanto artista, conheço várias pessoas, e o pior: elas me conhecem. Pior eu digo porque não tem problemas elas me conhecerem, mas vocês já irão me entender.

Enquanto várias pessoas passavam e me cumprimentavam, na minha frente estava uma grande querida. E como é uma grande querida, eu, apesar de lidar com público há 15 anos, eu estava completamente desarmado, quando ela me solta:

- Gustavo, se você continuar engordando dessa maneira, você vai acabar no hospital!! Estou avisando!!!

Imagina o que é você escutar isso em uma casa de oração onde se acredita na força da palavra, na energia do olhar, da vontade e como isso pode te afetar perispiritualmente, aquela ideia de hospital e a força do modo dito, e eu na busca e no esforço para perdoá-la e como lidar com a questão, não resisti e resolvi usar meu direito à defesa conforme nossa crença e alertei:

- Olha Sandra*, eu quero que você nunca mais fale a respeito da minha aparência física, nunca mais! Antes de você falar qualquer coisa a respeito da minha vida eu gostaria que você cuidasse do seu caráter!

Ela ficou assustada porque achava realmente que estava me ajudando e não imaginava o mal que tinha me causado, mas insistiu:

- Gustavo, só falo isso pro seu bem! To te ajudando pra vc se cuidar!

Eu disse:

- Olha, pode deixar que da minha vida cuido eu, por favor! Nunca mais fale nada neste sentido de novo!

Ela, como é uma boa espírita, não se melindrou e continuamos a conversar normalmente, mas ali aprendemos algumas lições:

1. Não confunda ajudar alguém com julgar alguém;

2. Moralmente, prefira ajudar quando pedirem sua ajuda, a não ser que seja caridade material (que é urgente ou mesmo importante, e a maioria das pessoas não pede por orgulho), porque senão você pode estar invadindo ou mesmo impedindo que aquela pessoa evolua;

3. Temos o direito de nos defender, não temos o direito a vingança; não se melindre;

4. Quando você for falar da vida alheia (principalmente se for com a própria vida em questão), peça licença.



*todos os nomes são fictícios criados especialmente para não constranger ninguém e preferimos não nomear os locais pelo mesmo motivo.

Dia 1 - Um início e um convite

Gordo, 29 anos, branco, 1.83m, 120,2 kg, artista.

Tudo começou a algum tempo atrás, na ilha do sol...quem dera! Antes fosse. Engordei após os 7 anos de idade, e perdi 40kg nos 4 penúltimos anos. Feliz de ter sido inspiração para pessoas emocionadas de vários lugares por não necessitar de cirurgia, me encantei com a alegria da recompensa positiva da sociedade com a minha magreza e o meu "sucesso", assim me tornei inspiração para muitas pessoas. Isso me cegou para a dor que passei por conta da rejeição sexual, social e moral em vários lugares por conta de todo esse tempo e de todo esse peso. Cheguei a pesar 132 kg, depois emagreci para 92 kg. Hoje tenho 120, 2 kg. E as pessoas felizmentemente me lembraram da importância que elas atribuem à isso e acompanhando uma pesquisa de uma amiga (Suélen Lhamas) de grupo de estudos (GTCC - Grupo de Trabalhos Cornelius Castoriadis) do qual faço parte desde 2007 sob orientação do senhor que está tatuado em meu braço esquerdo (David Tauro) cujo objeto de pesquisa é a gordofobia, termo que é relativamente novo e muito desprezado pela sociedade que convive tranquilamente com suas agressões e compensações sofridas.

Assim, resolvi que eu consigo superar tranquilamente essas agressões, pois fiz muita terapia e trabalho com emoções (e assim mesmo, muitas vezes não conseguimos), além de trabalhar com energia e espiritualidade; porém, antes mesmo de reafirmar os comentários ignorantes de alguns queridos que acham que estou "sofrendo demais" ou mesmo preciso me "amar mais", gostaria de lembrar o fundamento do amor ao outro, que é se sensibilizar com sua dor.

Portanto, em vez de lidar somente bem com a agressão gordofóbica e ficar bem com isso, resolvi lutar contra os agressores expondo várias situações que sofri e sofro ajudando aqueles que passam também por isso permitindo que com a minha história e com as diversas crônicas, sátiras e situações elas possam se identificar e a partir daí, lutarem contra.

Temos vários internautas que já querem dar suas contribuições de histórias pessoais e aqui teremos espaço pra isso.

O projeto é este: vou descrever várias situações reais, verídicas que passei, omitindo os nomes das pessoas envolvidas (por questões éticas) e em um prazo de 6 meses a 1 ano vou alterar minha estrutura radicalmente e relatar a mudança de tratamento pelas pessoas. 

Então o convite que  faço é o seguinte, vocês todas e todos estão convidados a acompanhar diariamente:

1. Exercícios, dieta, atividades realizadas neste processo;
2. Relatos de constrangimentos e preconceitos devido ao peso (sejam estes falando mal de ser gordo ou elogiando por emagrecer, duas faces da mesma moeda);
3. Relatos e contribuições de outras pessoas que já estão e ainda se sensibilizarão com este projeto.

Vamos começar? Pois já começamos.

Eis os dados iniciais:

Gustavo Vargas
Peso: 120.2 kg
Alt: 1.82m
Braço: 0.35m
Peito: 1.20m
Quadril: 1.18m
Cintura ou barriga: 1.29m
Coxa: 0.68m
Panturrilha: 0.47.

Há outras pessoas e empresas interessadas em ajudar, mas por enquanto temos estabelecidas a Iron Gym academia com o professor Luciano para exercícios anaeróbicos, o acadêmico de Educação Física pela Unigran Arlei Ferreira para exercícios aeróbicos e a prof. Suzi da Yoga Luz para Ásanas da Yoga que vão me ajudar no processo, desde respiração até outros procedimentos para ansiedade, tensão, etc.

Creio que estou bem acompanhado, espero que vcs também estejam.
Fiquem em paz profunda e com Deus sempre presente.
Um abraço!



Ps: Como este post ficou bastante grande, já já posto outro do Dia 1 com a alimentação e exercícios pra vocês, e mais tarde um caso pra instigar.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Apoios + proposta deste projeto!

Já consegui apoio de um acadêmico de educação física muito próximo, hoje já preparo a alimentação e começo as fotos, assim como a descrição de algumas memórias a medida que forem surgindo das últimas semanas e meses.

Assim, vocês vão perceber a diferença de tratamento entre eu agora (com 121 kg) e o eu posterior (abaixo de 100 kg) e poderão averiguar por vocês mesmos se existe gordofobia na sociedade atual.

domingo, 8 de novembro de 2015

Começando!

Vamos lá, pessoal, isto é apenas um teste e aos poucos vou explicando a proposta deste blog.
A princípio quero descrever subjetividades e situações cotidianas de um gordo (eu) e como ocorre a repressão em direção à um emagrecimento, à um corpo "saudável" ou idealizado.
Pretendo 2 coisas aqui:
1. Descrever como ocorre a opressão (gordofobia) em todos os nichos de sociedade aos quais convivo e como eu me sinto em relação a isso e;
2. Descrever meu processo de emagrecimento que pretendo não para satisfazer a necessidade alheia, nem por saúde, mas por ser artista e querer trabalhar algumas formas e também para satisfação pessoal (estética), porque meus padrões de beleza são "magros", seja para mim ou quando vejo o outro, o que não permite que eu o violente com minhas necessidades.
Então é isso!! Vamos lá! Vou colocar fotos, dados, medidas, casos, situações, programa alimentar, exercícios, enfim, tudo neste processo até realizar o emagrecimento completo que pretendo, assim como amanhã já colocar todas as medidas e metas pretendidas.

Quero agradecer ao carinho, ao meu público sempre carinhoso, aos amigos e meu querido amor que me ajuda sempre e me ama sem me cobrar nem perder o tesão por ser como sou.
Espero que gostem, beijos!